Vida de Darwin


ntrodução sobre Darwin




Ele descobriu o que é a evolução e como ela funciona. Com isso, Charles Darwin fez uma revolução que ainda hoje produz reações daqueles que não aceitam ser a humanidade apenas mais um degrau no processo evolutivode sobrevivência e seleção natural. A ideia de que o homem descende do macaco foi a mais ousada já produzida pela ciência.

Darwin guardou em segredo seus pensamentos sobre a evolução durante décadas. O mundo em que vivia no século 19 não estava preparado para ouvir uma versão científica que destruía os principais alicerces da teoria da criação. Finalmente em 1859 ele publicou “Sobre a origem das espécies por meio da seleção natural”. A primeira tiragem esgotou no mesmo dia do lançamento. A intensidade do sucesso do livro foi a mesma da reação da Igreja. Ao afirmar que os seres humanos não passavam de macacos avançados, ele simplesmente aniquilava qualquer espécie de intervenção divina na criação da humanidade.


Pensamentos sobre a evolução

“Acreditar, como acredito, que o homem, num futuro distante, será uma criatura muito mais perfeita do que agora é um pensamento intolerável que significa que ele e todos os outros seres sensíveis estão condenados ao aniquilamento total, depois desse lento progresso de longa duração. Para aqueles que admitem plenamente a imortalidade da alma humana, a destruição de nosso mundo não parecerá tão terrível.”

Charles Darwin

“A evolução é essencialmente um processo caprichoso, que generosamente permite a sobrevivência de criacionistas, astrólogos e até meteorologistas.”

John Mandeville

“Pode-se duvidar da existência de outros animais que tenham tido papel tão importante na história do mundo quanto essas criaturas humildes e organizadas [falando sobre os vermes].”

Charles Darwi


Após a divulgação de seus pensamentos, o homem mudou definitivamente a forma de ver a si mesmo e o mundo ao seu redor. Num caminho sem volta, as ideias da seleção natural questionaram a certeza histórica de que a humanidade era o centro do universo. “A origem das espécies” mostrou que somos o resultado de um processo de evolução que hoje calculamos ter se iniciado há cinco bilhões de anos. A revolução científica que começou com Copérnico no século 16 chegava ao seu final com a subversiva ideia de que as espécies na face da Terra evoluem a partir da sobrevivência do mais apto.





Charles Darwin: da infância à viagem no HSM Beagle


Darwin
Enciclopédia Delta Universal
Charles Robert Darwin
Charles Robert Darwin nasceu em 12 de fevereiro de 1809, em Shrewsbury, na Inglaterra. Ele descendia de uma família com várias personalidades. Uma delas foi seu avô paterno, Erasmus Darwin, que teria esboçado de forma poética a primeira explanação sobre evolução. Outra foi o físico Francis Galton, que criou a eugenia, estudo científico que propunha o melhoramento genético da raça humana. Já seu pai foi um médico, com pretensões medíocres, que atendia a pacientes ricos e logo fez fortuna na repressora era vitoriana. A educação de Darwin ficou a cargo principalmente das irmãs mais velhas, até porque sua mãe morreu quando ele tinha somente oito anos de idade.

Na escola local, onde se ensinava apenas os clássicos, ele mostrou seu interesse por esportes e por colecionar espécimes da natureza, que usava em seus próprios experimentos químicos. Aos 16 anos de idade, foi mandado para a Universidade de Edimburgo para estudar medicina. Darwin era um jovem sensível, que cultivava uma hipocondria desde a infância, e ficava aterrorizado quando tinha que assistir às operações realizadas sem anestésicos. Na época, filiou-se à Sociedade Pliniana de História Natural e fez amizade com o zoólogo Robert Grant, manifestando mais uma vez seu interesse pela biologia.

Foi Grant quem apresentou para Darwin as ideias do biólogo francês Jean Lamarck, que formulara a teoria de que as espécies de animais e plantas não eram estáticas. Elas evoluíam. Mas para Lamarck o fator que as levavam à evolução era o meio ambiente. Segundo ele, as características adquiridas em uma geração são transmitidas para as próximas. Com os debates que aconteciam em torno do assunto, Darwin começou a especular sobre como a vida teria começado na face da Terra e sobre como ela evoluíra desde então. O fascínio de Darwin não era compartilhado por seu pai que queria vê-lo médico. Mas como ele não avançava em seus estudos de medicina em Edimburgo, foi enviado para estudar teologia em Cambridge. Lá logo encontrou na casa do professor de botânica, o reverendo John Henslow, reuniões de naturalistas e expedições aos pântanos vizinhos para coletarem espécies aquáticas.

Nessa época, surgiu a oportunidade que mudaria a vida de Darwin e possibilitaria a ele criar a teoria científica que revolucionaria nosso modo de ver o mundo. O reverendo Henslow foi convidado para o cargo de naturalista a bordo da expedição que o navio HSM Beagle faria para a América do Sul, numa missão de pesquisa para o Almirantado britânico. Como Henslow não queria sair de Cambridge ofereceu o trabalho a Darwin, que aceitou prontamente, apesar da oposição do pai.

O Beagle partiu de Plymouth em 27 de dezembro de 1830 e em três semanas chegou a Cabo Verde. Após se recuperar dos primeiros dias de enjoo e mal estar, Darwin desembarcou no litoral para fazer suas explorações. No meio da vegetação tropical de Cabo Verde ele coletou suas primeiras espécies. Aproveitou também para notar que a geografia da ilha vulcânica mostrava que a formação geológica tinha sofrido lentas transformações ao longo das eras. Darwin começava a despertar de sua vida medíocre de estudante de teologia para se tornar um dos mais importantes cientistas da história.



Charles Darwin: de Galápagos à seleção natural

A viagem de Darwin a bordo do HSM Beagle tinha a previsão inicial de dois anos. Mas, ela acabou durando cinco. Um dos pontos altos para a futura teoria da seleção natural que Darwin desenvolveria foi a passagem pelo arquipélago de Galápagos, na costa do Equador. Em um mês que permaneceu nas ilhas, ele viu uma fauna e flora incomuns. Tartarugas gigantes, iguanas e uma diversidade de tentilhões estavam entre as espécies observadas mais atentamente por Darwin.

Os tentilhões apareciam em diferentes subespécies em distintas ilhas. Em cada uma delas era possível encontrar esses pássaros com cores variadas e diferentes bicos. Os bicos variavam em forma e tamanho em função da maneira como cada subespécie se alimentava. Nas ilhas em que a alimentação deles se baseava em nozes, os pássaros tinham um bico apropriado para isso, em outras em que eles sugavam o néctar das flores o bico era adequado a esse objetivo. Darwin registrou em seu diário: “Pode-se realmente imaginar que, devido a uma escassez original de pássaros nesse arquipélago, uma espécie tinha sido tomada e modificada para diferentes fins”.

Após cinco anos de viagem o Beagle aportou de volta na Inglaterra. Darwin tinha embarcado nele como um inexperiente botânico e, ao retornar, era um cientista em sua plenitude. As coleções de espécies que colheu durante toda a viagem foram alojadas em vários museus em Londres e Cambridge. Ele virou uma celebridade no meio científico, sendo nomeado membro do conselho diretor da Sociedade de Geologia e integrante da Sociedade Real. Mas ele não mudou seu modo de ser. Naquele momento o que mais o afligia é que suas observações eram totalmente discrepantes do criacionismoortodoxo. Segundo a teoria criacionista, os tentilhões observados por Darwin em Galápagos deveriam ser idênticos já que partilhavam o mesmo meio ambiente.

Na viagem, Darwin tinha observado também avestruzes gigantes nos pampas argentinos e uma variação menor logo ao sul, na inóspita Patagônia. Tanto um quanto o outro eram muito parecidos com os avestruzes africanos. Para os criacionistas, os três tipos haviam sido criados como espécies independentes. Mas Darwin já pensava que essas três diferentes variações eram o resultado de uma mesma espécie original que se desenvolveu e se adaptou às diferentes circunstâncias nos seus respectivos isolamentos geográficos.

Assim, Darwin concluiu que a natureza não era imutável. À medida que processava mentalmente suas deduções, outros fatos surgiam para confirmar seus pensamentos. Os tentilhões de Galápagos pertenciam, segundo os catalogadores que trabalharam no material trazido por Darwin, a diferentes espécies. Darwin imaginou que aquilo só poderia ser o resultado de um processo no qual havia originalmente uma única espécie de tentilhão na ilha e que ela foi substituída por toda aquela diversidade que encontrou. Dessa forma, raciocinou que as novas espécies descendiam de um predecessor único mal-adaptado, que se extinguiu. Darwin chamou esse processo de “linhagem modificada”.

Nos três anos seguintes ao seu retorno, ele elaborou as informações e osinsights que teve para desenvolver uma teoria que transformaria nosso conhecimento. Um desses insights veio da leitura de “Ensaio sobre o princípio da população”, de Thomas Robert Malthus. A ideia de luta pela sobrevivência dentro da própria espécie desenvolvida por Malthus (ao se referir às conseqüências catastróficas do crescimento populacional da humanidade), fez Darwin supor que, quando há uma competição pela sobrevivência dentro da própria espécie, os indivíduos mais aptos são os que sobrevivem e transmitem suas características às gerações seguintes, enquanto os menos adaptados desaparecem.

Aos 29 anos de idade Darwin já tinha desenvolvido os alicerces do conceito de seleção natural. Mas ele continuava hipocondríaco e solitário. Foi quando decidiu casar-se. A escolha recaiu sobre sua prima em primeiro grau Emma Wedgwood. Eles casaram-se em janeiro de 1839. Logo após o casamento, ele publicou “Diário”, que relatava as suas aventuras exóticas a bordo do Beagle. O livro fez um imenso sucesso popular, ao mesmo tempo em que era alvo de zombaria nos níveis acadêmicos. Mas as ideias sobre a seleção natural continuavam guardadas com ele, que evitava publicá-las para não suscitar qualquer controvérsia. Em 1842, resolveu resumir sua visão sobre a evolução, mas sem publicá-la.

Foi somente em 1859, mais de duas décadas após voltar de sua inspiradora viagem a bordo do HSM Beagle, que Charles Darwin finalmente decidiu publicar “Sobre a origem das espécies por meio da seleção natural ou A preservação das raças privilegiadas na luta pela sobrevivência”. A primeira edição esgotou no dia do lançamento. Novas edições e traduções para várias línguas foram feitas. A Igreja reagiu furiosamente. E pela primeira vez na história da ciência, uma teoria científica alcançou a fama popular. As pessoas realmente entenderam a teoria da evolução por seleção natural.

Nos anos seguintes à publicação de “Sobre a origem das espécies”, ele continuou a desenvolver sua teoria. Em 1872, Darwin publicou “Origem, a expressão das emoções no homem e  nos animais”, obra que fundou a etologia, a neurobiologia e o estudo da comunicação psicológica. Em 19 de abril de 1882, Charles Darwin morreu. Seu corpo foi enterrado na Abadia de Westminster, em Londres.

0 comentários:

Postar um comentário